terça-feira, 8 de julho de 2008

Vacas de presépio

por Nariz Gelado

Segundo pesquisa do Datafolha divulgada hoje, 86% dos moradores de São Paulo e do Rio de Janeiro aprovam a lei seca. E eu fico impressionada com a vocação do brasileiro para implorar que o Estado lhe conduza no garrote porque ele, o brasileiro, não é capaz de cuidar de si mesmo.

Na minha opinião - pessoal e intransferível, sempre é bom lembrar - a pesquisa do Datafolha revela que 86% dos moradores de São Paulo e do Rio são uns bananas. Para evitar os males causados por uma minoria irresponsável, eles topam abrir mão dos seus direitos.

Aposto que nenhum destes bananas fez qualquer coisa para garantir que a lei anterior fosse respeitada. Nenhum deles exigiu, antes, que quem fosse pego com mais de 6 decigramas de álcool no sangue recebesse punição tão dura quanto perder a carta por um ano ou, em casos mais graves, ser preso. Agora eles estão achando lindo ter uma vida pautada por bêbados irresponsáveis. Estão adorando que todos sejam tratados como alcóolatras. Isso sem falar na anuência dos idiotas que, como eu, não bebem mais do que um cassis no mamão e que, agora, se dispõem a dar carona para a cambada que entorna.

Pois saibam que, de minha parte, já estão todos avisados: quem beber que pague um taxi. Era só o que faltava eu, além de ficar sem o meu bombom de licor por conta desta turma, ainda ter que virar motorista nas horas vagas. De mais a mais, se ainda não deu para notar, estou com o meu saco bem cheio de gente sem noção de cidadania, democracia e direitos individuais. Estou de saco bem cheio de gente que está sempre disposta a ajoelhar para o Estado; a pedir que o Estado lhe imponha limites tão desmedidos quanto a sua falta de controle.

Primeiro foi o cigarro. Depois, aquela tentativa - medianamente frustrada - das armas. Agora é o álcool. E somente o álcool porque, notem bem, o cara pode percorrer toda a Via Dutra travado de cocaína ou chapado de maconha sem que a polícia o importune - e se importunar, ele, como "usuário", receberá uma pena bem mais leve do que se tivesse consumido um criminoso prato de sagu.

Diante de tal realidade, resta aguardar pelo momento em que, sob a alegação de que os males da obesidade custam caro ao Estado, seremos obrigados a abrir mão de uma picanha gorda. E o sujeito um pouco acima do peso ideal, então, será repreendido pelos garçons no almoço de domingo - sob os aplausos deste rebanho de vacas de presépio.

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