"A longo prazo, a única forma de superar o racismo é através da filosofia do individualismo, a qual tenho promovido por toda a minha vida."
(Ron Paul)
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Em seu mais famoso discurso, Martin Luther King Jr. fala do sonho de viver num país onde as pessoas deixem de ser julgadas pela cor da pele e passem a ser julgadas pelo seu caráter. MLK ressalta a importância das "magníficas palavras" contidas na Declaração de Independência Americana, que defende o direito inalienável à liberdade para todos os indivíduos. Essa é exatamente a postura de Ron Paul, assim como a de vários libertários que rejeitam qualquer tipo de mentalidade coletivista. Como diz Ron Paul em The Revolution, não temos direitos porque pertencemos a algum grupo, mas porque somos indivíduos. E é como indivíduos que devemos julgar uns aos outros.
O racismo nada mais é do que um tipo de coletivismo que enxerga a cor da pele como a característica predominante em cada um. Ron Paul afirma: "O racismo é uma forma particularmente odiosa de coletivismo m que os indivíduos são tratados não por seus méritos, mas pela identidade de grupo". Para Ron Paul, a filosofia do individualismo é o maior desafio intelectual que o racismo já enfrentou. Por outro lado, a politização do tema pode ser um empecilho para o término desta "desordem do coração", como Ron Paul chama o racismo. Os "pais fundadores" dos Estados Unidos, entre eles os autores da mesma Declaração de Independência admirada por Martin Luther King Jr., ficariam chocados ao observar como a sociedade americana se tornou politizada, passando a tratar cada assunto sobre o qual há divergências como um problema federal a ser solucionado em Washington. O meio adotado pode ser muitas vezes contraproducente, afastando ainda mais o desejado fim.
Ron Paul explica que o governo exacerba o pensamento racista e ataca o individualismo, porque sua própria existência encoraja a organização das pessoas em linhas raciais para fazer lobby por benefícios e privilégios ao seu grupo. No fundo, isso vale não apenas para a questão racial, mas para todas as outras. Vemos os homossexuais se organizando para exigir privilégios também, e inúmeros outros grupos que ignoram o indivíduo para abraçar algum coletivismo qualquer. Mas o que deveria importar mesmo não é a preferência sexual, ou então a cor da pele de alguém, e sim seu caráter, sua conduta, seus valores e princípios. Uma pessoa pode ser íntegra ou não, e isso claramente não tem relação alguma com a cor da pele ou a preferência sexual.
É espantoso ter de repetir uma obviedade dessas em pleno século XXI, mas infelizmente essa obviedade ainda não é parte do senso comum, mesmo que seja puro bom senso. A mentalidade racista, que separa e julga pessoas usando como critério a cor da pele, ainda é uma triste realidade no mundo em que vivemos. E isso vale para ambos os lados, é importante lembrar. O regime de cotas é uma prova disso. Assim como a postura de muitos americanos dos guetos que "acusam" um negro de estar "agindo como branco" caso ele não aceite as regras locais de conduta, muitas vezes prejudiciais ao indivíduo. Se o negro do gueto rejeita as letras agressivas do rap ou a forma de falar do grupo, ele pode acabar sendo vítima da hostilidade dos demais, um ato claro de racismo com sinal invertido. No Brasil, o mesmo comportamento já pode ser observado em favelas, onde a vulgaridade do funk deve ser a norma seguida para merecer a aceitação do grupo.
Deixo a conclusão com Ron Paul (tradução livre): "Não devemos pensar em termos de brancos, negros, hispânicos, e outros grupos do tipo. Este tipo de pensamento apenas nos divide. O único pensamento 'nós-versus-eles' que podemos nos permitir é o de povo – todo o povo – versus o governo, que rouba e mente para todos nós, ameaça nossas liberdades, e rasga nossa Constituição".
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