sexta-feira, 31 de outubro de 2008

As mesmas e velhas ilusões

por Jeffrey R. Nyquist, no Mídia Sem Máscara

Se você acredita que a paz e a prosperidade podem continuar para sempre, a sua crença é uma ilusão. A história ensina que paz e prosperidade são repetidamente interrompidas por guerras e crises econômicas. A história é cíclica: a contração econômica segue-se à expansão, tanto quanto a paz e a guerra se alternam. As perigosas ilusões do período pré-1914 e dos anos 1920 e 1930 ocorrerão ainda muitas e muitas vezes. No passado, homens tentaram impor-se através da violência, e tentarão o mesmo no futuro. Homens já acreditaram num mercado de ações inflacionado, e acreditarão novamente. Homens confiaram em Hitler em Munique e homens aceitarão as mentiras russas de hoje.

Se um país experimentou ataques de surpresa, como foi o caso dos Estados Unidos (quando os japoneses atacaram Pearl Harbor em 1941, ou quando terroristas árabes atacaram o World Trade Center em 2001), há algo no caráter do país que convida uma surpresa futura. A diferença é que hoje os atacantes podem ser mais engenhosos do que os almirantes japoneses, ou mais sedentos de sangue dos que os gângsteres da Al Qaeda. Um ataque surpresa pode ocorrer quando um país fica doente e é colocado fora de ação por desordens financeiras – e por uma tentativa fútil de prolongar a prosperidade através de empréstimos, por um fútil resgate de bancos através de um governo que não percebe o quão perto da bancarrota ele mesmo está. Neste momento, corremos ansiosos atrás de candidatos que dizem o que queremos ouvir. Eles nos afirmam que o governo pode resolver nossos problemas. Mas, como disse Ronald Reagan em seu primeiro discurso de posse: “Na crise atual, o governo não é a solução para o nosso problema; o governo é o problema”.

O governo não pode impedir uma correção feita pelo próprio mercado. O governo não pode transformar negócios não lucrativos em lucrativos. A bolha nos mercados de ações e imobiliário precisa estourar. Isto é só o que as bolhas fazem. Ao intervir, o governo meramente aprofunda e amplia o dano. O que precisa acontecer, obviamente, é simples. Ronald Reagan, que assumiu a presidência durante uma severa crise econômica, vinte e sete anos atrás, explicou: “É hora de examinar e reverter o crescimento do governo, o qual dá sinais de ter crescido além do consentimento dos governados”.

O governo precisa parar a sua contínua expansão [e intromissão] em todas as esferas. Seu papel deveria ser limitado. Durante a crise atual, Washington deveria se concentrar em três coisas: preservar o poder de dissuasão nuclear, manter a ordem civil e evitar a fome se a economia entrar em colapso. O governo não é capaz de evitar um declínio econômico; ele jamais seria capaz de fazer isso. O que é necessário é fé no mercado, coisa que aparentemente nenhum de nossos líderes tem. Nenhum levou adiante o legado de Reagan. O marxista aspirante a ditador venezuelano, Hugo Chávez, zombou de Bush na quarta-feira [15/10/08] ao chamá-lo de “Camarada Bush”, uma vez que o republicano deu uma guinada à esquerda durante a atual crise financeira. “Bush agora está à esquerda de mim”, ironizou Chávez. Se o governo dos Estados Unidos pode comprar bancos, que crítica pode ter com relação a Chávez?

Houve um tempo em que nos iludimos com a noção de que o comunismo estava morto. Mas idéias não morrem, e ideólogos não mudam de idéia tão facilmente. O artifício de ontem prepara e articula o retorno de hoje. O bêbado Boris pavimentou o caminho para as garras de Putin, estendidas na direção da Alemanha. O que virá a seguir no período de “terror cinza” ninguém pode dizer ao certo. Talvez seja um ataque a bomba a um alvo financeiro significativo, tal como o Tesouro americano. Talvez uma metafórica bomba de nêutrons seja detonada sobre as transações financeiras do Ocidente. Recentes ataques cibernéticos ao centro de dados do Banco Mundial abrem o caminho para um ataque repentino e incapacitante. O plano da KGB não é meramente reunir e capturar os “oligarcas” russos. Se vocês ainda não entenderam a revolução, eu vou explicá-la em linguagem simples: A burguesia mundial deve ser liquidada de uma vez por todas.

Imaginem se um ataque cibernético destruísse o sistema financeiro ao apagar dados financeiros vitais dos computadores. Será que alguém percebe quão vulneráveis nós mesmos nos tornamos? Se o ataque a Pearl Harbor era realizável para os almirantes japoneses, o que pode ser realizado pela KGB hoje? O Banco Mundial está sob “cerco cibernético”. De acordo com a notícia veiculada pela FOX News no dia 10/10, “[A] rede de computadores do Banco Mundial – um dos maiores repositórios de dados sensíveis sobre as economias de todas as nações – tem sido repetidamente atacada, há mais de um ano…”. De fato, os invasores da rede tiveram “[a]cesso total, por quase um mês, entre junho e julho”. Os leitores desta coluna irão se lembrar daquilo que o governo russo estava prevendo em julho, a saber: que os Estados Unidos estavam por experimentar a “crise de sua existência”.

Como é que eles sabiam?

A sofisticação do “cerco cibernético” ao Banco Mundial aponta para a espionagem dirigida por um governo. Segundo a Fox News, “[I]nvestigadores descobriram que os invasores estavam usando o que se chama de ‘cluster’ de endereços IP originários de Macau, na China”. Evidentemente, os verdadeiros hackers fizeram uso dos endereços IP chineses para que os investigadores seguissem as pistas erradas. Eles jamais deixariam uma pista boa o suficiente para rastreá-la até a verdadeira origem. Há quem lance dúvidas sobre a possibilidade de ter sido a China a autora das invasões, e um país chama a atenção acima de todos os outros. Um dos maiores bancos da Rússia chama-se MDM, o qual recentemente divulgou que seus lucros líquidos triplicaram. Enquanto bancos caíam na Europa e nos Estados Unidos, o MDM prosperava. Um artigo de 10/10 do Wall Street Journal liga o MDM às transações financeiras suspeitas de um magnata ligado ao Kremlin. O artigo oferece a seguinte pista: “Altos funcionários da administração Bush têm revelado crescente preocupação acerca da possível infiltração de companhias ocidentais e de mercados financeiros por figuras suspeitas de pertencerem ao crime organizado e ligadas ao governo russo…”.

Será que, finalmente, estamos começando a entender?

Pode ser muito pouco, e muito tarde. Os políticos conservadores de hoje – na Europa e Estados Unidos – não são realmente conservadores. Eles não entendem a economia. Eles não sustentam as bem sucedidas tradições e práticas do passado. Tal como Hugo Chávez, no fundo eles são “Camaradas”. Apenas mais um exemplo é suficiente para provar o ponto em questão. De acordo com repórteres em Bruxelas, no dia 15/10 o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi disse que aceita a Rússia completamente. Ele explicou: “Eu considero a Rússia como um país ocidental, e meu plano é que a Federação Russa esteja apta a tornar-se membro da União Européia nos próximos anos”. Diante dessa formulação seria mais realista dizer que Berlusconi é a favor de que a Europa tenha um papel de satélite da Federação Russa. “Eu tive essa visão há anos”, disse Berlusconi.

Nós não deveríamos subestimar os efeitos desse pensamento ilusório dos políticos “conservadores” de hoje em dia. Os americanos tendem a ser ingênuos, e os conservadores de todas as partes adotaram essa posição. Eles pensam que seu país é invencível, que a sua prosperidade repousa sobre uma fundação firme. Eles subestimam a ameaça do exterior. Este tipo de raciocínio, porém, subverte a segurança e a prosperidade genuínas. Os homens precisam lutar pelo que querem, e precisam lutar para preservar o que possuem. Não há lugar nem futuro para a complacência diante dessa realidade. Aqueles que vêem as nossas asneiras econômicas apenas com relação à atual crise econômica viram apenas metade do quadro. Pearl Harbor e o 11 de Setembro foram eventos característicos, que ocorreram em concordância com a tendência dos Estados Unidos em negligenciar sua segurança enquanto perseguem objetivos econômicos. Há muitas dimensões na crise corrente, incluindo a divisão ideológica que ameaça nossa segurança nacional. Todavia, é certo que todos esses elementos estão ligados à ameaça externa e todos esses elementos podem ser explorados por nosso inimigo.

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