quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Dicionário da Crise

Miguel Botelho Moniz, no O Insurgente

“Catástrofe” - O que acontece a banqueiros e investidores imprudentes quando os contribuintes não vêm, através de programas governamentais, salvar-lhes a pele.

“Fim do mundo da prosperidade” - O que acontece quando a realidade cai em cima de pessoas habituadas a dinheiro fácil criado pela expansão de crédito e que, por isso, vivem acima das suas capacidades.

“Pureza ideológica” - A insistência de pessoas teimosas em não pagar do seu bolso a irresponsabilidade de terceiros.

“Fim do capitalismo” - Descida de 6 ou 7% no índice DJIA. Já aconteceu uma meia dúzia de vezes nos últimos 80 anos.

“Disparar” - Verbo muito utilizado por jornalistas para descrever uma subida de 0,1 p.p. em determinado índice ou preço.

“Afundar” - Verbo contraposto ao anterior para descidas de 0,1 p.p.

“Salvação nacional” - Desculpa usada pelos poderes executivos para acumularem mais poderes para si próprios, em detrimento dos cidadãos e à custa dos contribuintes.

“Medidas urgentes” - Acções propostas pelos estados que devem ser aprovadas antes de dar demasiado tempo às pessoas para pensarem nelas. O carácter de urgência é tanto maior quanto maior a necessidade de salvação nacional (ver acima).

“Falha de regulação” - Incapacidade das autoridades em antever os problemas criados pelas suas anteriores intervenções no mercado.

“Falência” - Terrível flagelo que afecta algumas empresas nas economias de mercado. Estima-se que, todos os anos, as referidas economias vejam entre 2 e 3 milhões de empresas irem à falência.

“Capitalismo selvagem” - Sistema de organização política no qual indivíduos de matriz socialista não conseguem que os agentes económicos ajam como eles gostariam. O sistema é caracterizado por falhas de regulação e falências ocasionais (ver acima).

“Bush” - Político americano que, apesar de só ter estado oito anos no poder, consegue ser responsável por todos os erros de política económica desde - e incluindo - a extinção do sistema Bretton Woods em 1971.

“O que é teu é nosso” - Sindroma que faz pessoas que não investiram na bolsa sentirem-se prejudicadas pelos prejuízos de outras pessoas que efectivamente investiram na bolsa.

“Short-termism” - Expressão inglesa que caracteriza o comportamento de pessoas que avaliam o comportamento dos fundos de pensões de outras pessoas em função da evolução dos índices bolsistas dos últimos dias.

“Short-selling” - Pérfida prática através da qual o estado promete pagar uma reforma a cada cidadão no futuro em troca de que esse cidadão pague a reforma de um terceiro no presente.

“Inflação” - Método fiscal utilizado pelo estado para pedir mais emprestado hoje e pagar menos amanhã, sendo a diferença paga por todos cidadãos (mesmo os que não pagam impostos).

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