por Guilherme Fiúza
Tirem as crianças da sala. Os institutos de pesquisa de opinião estão trocando desaforos. A conversa chegou à cozinha.
Essas instituições de caráter científico costumam ter um jeito no mínimo irreverente de entrar no debate público. Quando questionadas por candidatos, respondem com certo sotaque de arquibancada. Se precisar, puxam cabelo e enfiam dedo no olho.
Deve ser a emoção da democracia. Mas o que está acontecendo ao final do primeiro turno das eleições municipais não tem precedente. Os principais institutos resolveram esculachar-se entre si, e os argumentos são de fazer corar um Odorico Paraguaçu.
O instituto que insistiu com Crivella no Rio até a boca da urna disse que o erro foi do concorrente. Os números que apontaram o crescimento de Gabeira é que teriam feito Gabeira crescer. Entenderam? Então socorram o lendário Odorico, porque ele engasgou…
Já o erro grosseiro da boca de urna em São Paulo, insistindo na vitória folgada de Marta, se deu porque a pesquisa foi feita só até as 14 horas – e a votação foi até as 17 horas. Está inaugurada a meia-boca de urna. A inteira deve ser bandeira dois.
O instituto que detectou o crescimento de Gabeira no Rio o fez tardiamente, e ainda manteve Crivella respirando por aparelhos quando ele já estava morto. Mesmo assim o órgão saiu comemorando e tripudiando do concorrente. Disse que o eleitor, além do candidato, já sabe qual instituto de pesquisa deve escolher. Só faltou divulgar uma plataforma para os próximos quatro anos.
Já que a coisa chegou a esse ponto, os institutos deveriam deixar definitivamente a modéstia de lado. Poderiam passar a oferecer também prognósticos para a queda das bolsas, a subida do dólar e os teores de petróleo na camada pré-sal. Com margem de erro de dez pontos – para muito mais ou para muito menos.
Aí as pesquisas de opinião passariam a ser como cigarro: todos sabem que faz mal, consome quem quiser.
Tarefa impossível...
Há 3 semanas
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