segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pedro Cardoso e o "Manifesto contra a Pornografia"

por Nemerson Lavoura no Resistência

"Sou contra a censura externa, mas a favor do super-ego. Quando ele falha, o estado fica tentado a agir. E o estado é sempre o intrumento da facção política que está no poder. É muito perigoso ceder ao estado a censura que deve caber a nós mesmos"


Um artista brasileiro dizendo isso? Será que eu estou sonhando?

Não, o parágrafo acima realmente saiu da boca de um artista do Bananão - de um (ótimo) ator, mais precisamente. Pedro Cardoso, o ator em questão, escreveu um "manifesto" contra a pornografia gratuita nos filmes nacionais, o que por si só, em se tratando de Bananão, demanda grande coragem. E Cardoso ainda dá um baile no jornalista canalhinha que tentou de todas as formas desmoralizá-lo em uma "entrevista" para o site do Globo. Boa, Pedrão!

A dica da entrevista é do Luís Afonso, que destacou este ótimo trecho:

Repórter pôgreçista: Essa discussão sobre a exploração da pornografia aconteceu no exato momento em que um professor de literatura foi afastado da Escola Parque por ser autor de poesia erótica. Comenta-se que você estava entre os pais que reagiram a isso. Qual a sua posição em relação a esse episódio?

CARDOSO: Não sei em quê este assunto tem a ver com o meu. A intenção da sua pergunta me parece ser a de sugerir ao leitor que eu sou um moralista puritano que poderia mesmo ter perseguido esse professor. Boa tentativa, mas a acusação é improcedente. Reproduzo mais um trecho do texto do Odeon: "A quem se afobe em me acusar de moralista, peço antes que procure conhecer o meu trabalho em teatro e que assista ao filme desta noite. Nele, assim como algumas vezes no teatro, tratei, junto com meus colegas, de assuntos bem distantes de uma moralidade puritana. Quem for me acusar, tente primeiro perceber a diferença entre a liberdade para tratar de qualquer assunto e a intenção de usar qualquer assunto para difundir pornografia usando a liberdade de costumes para disfarçá-la de obra dramatúrgica". Eu não conheço a obra poética do professor, a decisão de demiti-lo foi da escola, e ela não quer se pronunciar. Eu não vou tecer comentários baseados em suposições ("comenta-se") vagas que você está fazendo. As razões para a demissão dele, assim como para sua contratação, devem ser perguntadas à escola. Agora, acredite, é minha obrigação de pai saber quem diz o que para minha filha dentro da sala de aula e saber que livros escolhe para que ela leia. Caso este assunto verdadeiramente te interesse, informe-se melhor. E acredite (não sei se você tem filhos, mas se tiver vai me entender muito bem): num mundo confuso como este nosso, estamos bem sozinhos para olhar por eles.

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