sábado, 28 de junho de 2008

Palmas para Bush

por Fabiano Moraes, no Resistência

Porque hoje é sábado, contrariemos a sabedoria convencional. Aplaudindo George Bush, por exemplo.

Primeiro, por sua teimosia. Pela teimosia? Sim: sigam meu raciocínio. Se o Iraque hoje pode comemorar uma relativa, mas importante, redução no número de atentados terroristas, isso se deve ao aumento do contingente militar americano no país - The Surge, para os íntimos. Em retrospecto, pode parecer fácil ter ordenado o reforço. Mas como bem lembra David Brooks, do New York Times, a proposta do Surge, bancada pelo "pior presidente da história americana" (sic), contava com a oposição firme da opinião pública americana, dos republicanos (exceto McCain), dos generais (exceto Petraeus), dos iraquianos (a começar pelo Primeiro Ministro al-Maliki) e mesmo de Condoleezza Rice. O que determinou o Surge salvador, então? A teimosia de Bush, CQD.

Em segundo lugar, aplaudamos Bush por ter começado a dobrar a Coréia do Norte. Verdade que o caminho é longo até a Coréia comunista deixar de ser uma ameaça (se Condoleezza o diz, quem sou eu para contrariar?), mas quem negar progressos nesse front está sendo desonesto. Mais interessante é notar como o acordo coreano desmente certas verdades estabelecidas sobre a política externa americana atual. Já li muito pseudo-intelectual por aí dizendo que Bush prima pelo unilateralismo e despreza solenemente a diplomacia. (Em algum lugar do meu quarto tenho um livro em que a besta do Edward Said diz isso textualmente, mas estou com preguiça de procurá-lo.) Pois bem. Sabem como foi negociada essa prestação de contas nuclear da Coréia do Norte? Em conversações diplomáticas envolvendo 6 (seis) países: EUA, Japão, Coréias do Norte e do Sul, China e Rússia. Segundo meus cálculos, esse é o unilateralismo mais populoso da História.

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