"A vida lhe dá o que você merece, não o que você precisa. Não é 'Precise e colherás', mas sim 'Plante e colherás'. Se você realmente precisa colher, então realmente precisa plantar." (Jim Rohn)
Poucas coisas causam tanto mal aos homens como a visão coletivista de mundo, que retira do indivíduo a responsabilidade de lutar para alcançar seus objetivos particulares. A falsa idéia de que alguém cuidará de nós, garantirá nosso sustento, atenderá nossos anseios, é o que leva a um Estado paternalista inchado, onde os indivíduos transferem para os burocratas do governo o poder de decisão sobre cada detalhe de suas vidas. Ao demandarem cada vez mais direitos e regalias, ignorando quem os tornarão possíveis, os indivíduos transformam-se em escravos do governo, que passa a ter poder arbitrário, estimulando uma disputa de gangues por privilégios. O paternalismo estatal desemboca invariavelmente no fascismo.
O papel do Estado deveria ser justamente garantir as liberdades individuais, o império impessoal da lei. Cada um tem que construir seu próprio caminho, esforçar-se para realizar seus sonhos, obter sua satisfação pessoal. O governo atua apenas para impedir que os desejos de um agridam a liberdade do outro, mas não para decidir quais desejos o povo deve ter ou como cada um deve lutar para atendê-los. O direito básico que cada cidadão possui, portanto, é o da liberdade, limitada por poucas regras básicas que existem de forma isonômica para todos. A isso damos o nome de justiça. Infelizmente, tal quadro está longe da realidade brasileira, onde trocaram o conceito impessoal de justiça pelo abstrato, arbitrário e populista termo "justiça social". Mataram a justa meritocracia em nosso país, pela cultura do privilégio, beneficiando os "amigos do rei".
O povo começa a demandar todo tipo de direito, como direito à moradia, alimentação decente, salário bom, emprego estável, saúde de ponta, terras para plantar, educação avançada etc. Ninguém questiona quem vai garantir tantas demandas sociais. Acreditam que o simples fato de nascer é suficiente para que alguém, sabe-se lá quem, forneça todos esses bens e serviços de graça. Pressionam o Estado, organizados em grupos cada vez mais poderosos, para que tenham maiores privilégios em detrimento dos excluídos. Cria-se uma chuva de siglas, como CUT e MST, brigando via lobby, pressionando com barulho, violência, através da mídia, tudo para que o governo conceda novas regalias. O indivíduo, não vinculado a sindicatos fortes, apenas preocupado em trabalhar e garantir sua sobrevivência e de seus familiares, batalhando pelas vias estritamente econômicas da competição justa, sem participar do jogo político, é quem sai penalizado nessa sociedade fascista. Alguns se esforçam para inovar, criar renda, gerar novos produtos e serviços, atender a demanda alheia, enquanto vários outros organizam-se politicamente para, como parasitas, explorarem o resto, sugarem cada gota de sangue do hospedeiro. Isso só é possível pela mentalidade paternalista estatal, de que cabe ao governo, não aos indivíduos, alimentar, vestir, educar, proteger e distribuir riquezas ao povo. A consequência prática disso é uma miséria crescente para o povo, enquanto a renda per capita de Brasília é quatro vezes maior que a nacional.
Os mais leigos não compreendem bem o que é direito, ignoram que este só existe com uma contrapartida de dever de alguém. Será que o MST tem direito a terras? Será que os Sem-Teto têm direito a uma casa? Será que os trabalhadores têm direito a um salário mínimo? Será que os negros têm direito a vagas garantidas em universidades? Será que os idosos têm direito a transporte grátis? Será que os empresários brasileiros têm direito a reserva de mercado? Às custas de quem? Essa simples pergunta nunca merece resposta, pois as pessoas focam apenas nos "direitos", não nos deveres. Quem vai definir onde acaba a demanda pelo "social"? Se o governo pode extorquir dos indivíduos o necessário para atender tal demanda, no extremo podemos supor que a carga tributária chegue a 100% da produção privada, pois a demanda nunca acaba. Esse é o ideal do socialismo, onde não existe mais propriedade privada, pois o Estado é dono da vida de todos os cidadãos.
Notem que o nobre discurso dos igualitários, defendendo direitos para todos sem a preocupação de quem os atenderá, é totalmente materialista, foca apenas em dinheiro. Afinal, o mundo sempre será desigual, pois assim é a natureza. Geneticamente falando, cada indivíduo já nasce com características próprias, e até o fato de um único espermatozóide ter tido o "direito" de fecundar o óvulo demonstra o respeito à meritocracia na natureza. Uns serão mais belos, outros mais inteligentes, ou com uma voz mais bonita. Caberá ao governo criar um mundo menos desigual, estabelecendo imposto sobre beleza, ou imposto da inteligência, extorquindo Q.I. dos mais sábios? Como isso não é possível na prática, partem para o confisco material dos mais bem sucedidos, em nome do "interesse público". Mas o Estado não passa da soma de indivíduos, e não existe um "bem público", apenas o somatório dos interesses particulares. Se o governo garante o direito de alguém comer, está automaticamente jogando o peso do dever de oferecer a comida grátis para cima de outro. Isso não pode ser chamado de justiça, mas sim de igualdade material compulsória, com o Estado tornando todos miseráveis, já que ninguém luta de verdade para atender os desejos dos outros, mas sim os próprios. Tal modelo justifica-se apenas pela inveja dos perdedores.
As pessoas tem direitos apenas na medida em que assumem o dever de conquistá-los. A responsabilidade é individual. Como eu posso alegar ter o direito de comer um peixe se não fui eu quem o pescou? Eu posso, no máximo, oferecer meus esforços e trabalho em troca do peixe que alguém pescou. Como a sociedade cresceu e se tornou complexa, o escambo direto passa a ser impraticável, e por isso eu trabalho por dinheiro, apenas um meio de troca facilitador, podendo assim obter os bens e serviços de meu interesse no mercado, nada mais que um palco de interação de todos. Ninguém tem a obrigação de garantir meu sustento. O Estado não pode ter o direito de forçar o pescador a me dar seu peixe, somente porque os políticos querem meu voto e decidiram que não é "justo" ele comer moqueca e eu farinha. Um governo de "coitadinhos" é como um pai que vive passando a mão na cabeça do filho irresponsável, com o agravante de que o pai quer o melhor para o filho, enquanto os políticos querem apenas votos. Em pouco tempo o efeito moral disso é devastador, e ninguém mais irá se esforçar para reduzir o desconforto, esperando que a comida caia do céu, ou do governo nesse caso. Acontece que o governo não pesca, ele depende do trabalho de indivíduos, movidos por interesses particulares, não altruístas. Para garantir a produção num ambiente desses, o terror e a escravidão serão necessários, como já ficou provado nas nações comunistas.
Para salvar o pouco que resta da liberdade individual, é preciso urgentemente que abandonemos o discurso politicamente correto, o nobre apelo pela igualdade e "justiça social", entendendo que este é o caminho para a servidão. Precisamos valorizar o papel do indivíduo na busca pelos seus interesses, delegando ao governo apenas o papel de protetor da liberdade e fiscalizador das regras do jogo. O brocardo popular já dizia que a liberdade de um acaba onde começa a do outro. Como podemos ser livres num mundo onde existem direitos sem deveres, onde o governo distribui, em troca de votos, privilégios? Onde está a liberdade individual num país que acha correto e justo o direito do outro comer ser o meu dever de caçar para ele? Termino com as sábias palavras de Adam Smith: "Não é da benevolência do açogueiro que esperamos nosso jantar, mas pela busca de seus interesses particulares. Não devemos falar com ele sobre nossas próprias necessidades, mas de suas vantagens."
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